ATA DA SÉTIMA REUNIÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 05-02-2003.

 


Aos cinco dias do mês de fevereiro de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos, foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Elói Guimarães, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Sebastião Melo, Zé Valdir e João Carlos Nedel, Titulares. Ainda, durante a Reunião, compareceram os Vereadores Clênia Maranhão, Isaac Ainhorn e Reginaldo Pujol, Titulares, e Darci Campani, Elias Vidal e Nereu D’Avila, Não-Titulares. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Quarta Reunião Ordinária e da Ata Declaratória da Quinta Reunião Ordinária que, juntamente com a Ata da Reunião de Instalação da Terceira Comissão Representativa, das Atas da Primeira e Terceira Reuniões Ordinárias e da Ata Declaratória da Segunda Reunião Ordinária, foram aprovadas. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Beto Moesch, 01 Pedido de Providências e os Pedidos de Informações nºs 001, 008 e 011/03 (Processos nºs 0125, 0355 e 0470/03, respectivamente); pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, 10 Pedidos de Providências; pelo Vereador Haroldo de Souza, 15 Pedidos de Providências; pelo Vereador João Carlos Nedel, 05 Pedidos de Providências e o Pedido de Informações nº 004/03 (Processo nº 0305/03); pelo Vereador Sebastião Melo, o Pedido de Informações nº 013/03 (Processo nº 0561/03). Também, foi apregoado o Memorando nº 001/03, de autoria do Vereador Haroldo de Souza, comunicando a sua desfiliação do Partido Humanista da Solidariedade – PHS, a partir do dia trinta de janeiro do corrente, e o ingresso de Sua Excelência no Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB, a partir da referida data. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nºs 003 e 063/03, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 002/03, da Vereadora Sinara Renz, Presidenta da Câmara Municipal de Manoel Viana - RS; 003/03, do Vereador Clóvis Henrique Ramos Mignoni, Presidente da Câmara Municipal de Sapiranga - RS; 434/03, do Senhor Clayton Ricardo dos Santos Soares, Diretor de Controle e Fiscalização do Tribunal de Contas do Estado. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Carlos Nedel teceu considerações acerca dos prazos de conclusão de obras públicas no Município de Porto Alegre, analisando criticamente os contratos firmados entre o Executivo Municipal e empresas responsáveis pela execução das mesmas. Nesse sentido, propôs a realização, pela Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do MERCOSUL, de reuniões entre os segmentos envolvidos com o intuito de debater o assunto. Na ocasião, o Vereador Sebastião Melo formulou Requerimento verbal, solicitando informações acerca da regimentalidade da convocação deste Legislativo para a Nona Sessão Legislativa Extraordinária, ocorrida no dia trinta de janeiro do corrente. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Ervino Besson registrou a participação de Sua Excelência na procissão de Nossa Senhora dos Navegantes, realizada no dia dois de fevereiro do corrente no Município, parabenizando a equipe organizadora do evento pelo sucesso do mesmo. Ainda, aludiu ao transcurso de cem anos do nascimento do Cardeal Dom Vicente Scherer, ressaltando o trabalho desenvolvido por Sua Eminência em prol da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. O Vereador Zé Valdir reportou-se ao pronunciamento efetuado pelo Vereador João Carlos Nedel, no que diz respeito à conclusão de obras públicas municipais, afirmando que os procedimentos adotados pelo Executivo Municipal estão de acordo com a legislação que regulamenta as licitações públicas. Também, contrapôs-se à abertura do comércio aos domingos e feriados no Município e manifestou-se sobre “slogan” publicitário utilizado pelo atual Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn referiu-se ao teor do pronunciamento efetuado pelo Vereador Zé Valdir em Comunicações, reconhecendo haver coerência na opinião desse Vereador, contrária à abertura do comércio aos domingos. Também, abordou a crise política ocorrida nesta semana, envolvendo lideranças do PT e alguns de seus integrantes, dissidentes da linha administrativa adotada pelo Senhor Luiz Inácio Lula da Silva como Presidente da República. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou as presenças dos Vereadores Alcioneu Costa e Orandi Ventura Soares, do PMDB do Município de Barracão – RS. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Sebastião Melo criticou o Executivo Municipal, reprovando o reajuste previsto para as tarifas do transporte coletivo da Capital. Nesse aspecto, afirmou serem onerosos, aos cidadãos porto-alegrenses, os custos decorrentes da prestação de serviços públicos municipais e do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU – e considerou ser função desta Casa zelar pela prática de uma política fiscal justa em Porto Alegre. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Vereador Olavo Inácio Haas, do PPB do Município de Salvador das Missões - RS. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Elói Guimarães teceu considerações sobre o desempenho de Sua Excelência no exercício da Presidência da Casa, enfatizando a importância do respeito às limitações compatíveis com a sua interinidade e apontando a necessidade de dar seguimento aos assuntos inerentes ao cargo. Também, lembrou ser fundamental a atuação deste Legislativo na formação da história de Porto Alegre e na definição dos destinos de seus munícipes. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Carlos Nedel pronunciou-se sobre o sistema público de saúde existente no Município, questionando os critérios adotados na distribuição de leitos em hospitais públicos. Também, solicitou providências, por parte do Executivo Municipal, relativas à conservação e segurança em pontos turísticos de Porto Alegre e chamou a atenção para a necessidade da construção de heliporto destinado a dar suporte a vôos turísticos pela Capital. A Vereadora Clênia Maranhão reportou-se à pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos – DIEESE, a qual revela ser a cesta básica de Porto Alegre a mais cara entre as das demais capitais brasileiras. Também, antecipou a solicitação de audiência junto ao Senhor Adeli Sell, Secretário Municipal de Produção, Indústria e Comércio, na qual Sua Excelência postulará pela criação de serviço de defesa do consumidor na Capital. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Elias Vidal historiou a atuação de Sua Excelência em ações comunitárias de prevenção ao consumo de drogas, especialmente junto às populações mais carentes da Cidade. Nesse sentido, relatou episódios vivenciados por Sua Excelência em seu trabalho de prevenção ao uso de entorpecentes, desenvolvido em cidades como Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro e registrou sua disposição em debater, neste Legislativo, a implantação de políticas públicas de conscientização quanto à utilização dessas substâncias. O Vereador Darci Campani apoiou o pronunciamento efetuado pelo Vereador Elias Vidal em Comunicações, no que tange à importância da discussão, por esta Casa, de políticas públicas de combate ao uso de substâncias entorpecentes. Também, contraditou críticas apresentadas à Prefeitura Municipal, quanto à realização de consulta a instituições bancárias fomentadoras de obras públicas para a execução de obras no Município e no que se refere ao atraso verificado em algumas obras, em razão da falência da empresa contratada para a sua execução. Na oportunidade, face ao Requerimento anteriormente formulado pelo Vereador Sebastião Melo, o Senhor Presidente proferiu decisão, decidindo pela regimentalidade da convocação deste Legislativo para a Nona Sessão Legislativa Extraordinária, ocorrida no dia trinta de janeiro do corrente, tendo o Vereador Sebastião Melo manifestado-se a respeito e apresentado, verbalmente, o Recurso previsto no artigo 194, § 1°, do Regimento, ao que o Senhor Presidente determinou fosse o mesmo formalizado por escrito. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Zé Valdir respondeu críticas apresentadas quanto à proposta de aumento da tarifa do transporte coletivo de Porto Alegre, comparando dados relativos ao custo desse transporte em Porto Alegre e em outras Capitais brasileiras, especialmente no que se refere à remuneração paga aos profissionais da área e à qualidade dos serviços prestados. Nesse sentido, traçou um paralelo entre a administração do sistema de transporte coletivo nos períodos em que o Partido dos Trabalhadores e outras agremiações exerceram o Governo Municipal. O Vereador Sebastião Melo teceu críticas à atuação do Senhor Luiz Inácio Lula da Silva como Presidente da República. Também, manifestou-se sobre propostas de aumento da tarifa de transporte coletivo da Cidade e do fornecimento de água potável pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos – DMAE, sobre as condições de balneabilidade das praias localizadas no Bairro Belém Novo e externou sua contrariedade às políticas administrativas desenvolvidas pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Reginaldo Pujol contraditou afirmações feitas pelo Executivo Municipal, relativas aos índices de cobertura da rede de distribuição de água potável, referindo-se a localidades que sofrem com problemas no abastecimento e propugnando pelo aumento no volume de verbas destinadas à manutenção e ampliação dessa rede. Ainda, manifestou-se sobre a proposta de aumento das tarifas do transporte coletivo da Cidade e saudou o Senhor Adeli Sell pela sua atuação como Secretário Municipal de Produção, Indústria e Comércio. Às doze horas e sete minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores Titulares para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Elói Guimarães e Ervino Besson e secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Ervino Besson, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Temos cinco Vereadores titulares presentes e ainda o Ver. João Carlos Nedel, substituindo, na Representativa, o Ver. João Antonio Dib, que está exercendo o cargo de Prefeito, em substituição ao Sr. Prefeito Municipal.

Este Vereador, 1.º Vice-Presidente da Casa, está, nesta semana, durante a ausência do titular, presidindo a Câmara Municipal de Porto Alegre, para a nossa honra.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Zé Valdir está com a palavra em Comunicações. Ausente neste momento. O Ver. Sebastião Melo está com a palavra em Comunicações. Ausente neste momento. O Ver. João Carlos Nedel, que substitui o Prefeito, em exercício, Ver. João Antonio Dib, está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu gostaria de tocar no assunto, hoje, sobre a demora, o atraso das obras que a Prefeitura está fazendo na Cidade. Nós fomos surpreendidos com a paralisação da obra do Viaduto, meu ilustre Presidente Elói Guimarães, já denominado Jayme Caetano Braun, ali na Av. Nilo Peçanha esquina com a Av. Carlos Gomes. A empresa ESBEL foi surpreendida com a rescisão unilateral do contrato de construção que estava executando. Ontem, em contato com a empresa, fiquei sabendo que ela está aguardando o prazo regimental de cinco dias para recurso.

Uma coisa chama a atenção: é que, sistematicamente, as obras da Prefeitura atrasam, ou demoram mais do que o previsto. O que está acontecendo com a Prefeitura? É equívoco do projeto, é equívoco do planejamento, é problema de licitação, é problema de custo, de orçamento? Não sei o que está ocorrendo. Será que é problema da Prefeitura ou são problemas das empresas construtoras? As empresas também podem-se equivocar no custo, não planejar eventos extraordinários, como, por exemplo, chuvas, solo contaminado, solo com rochas, inundação, vários outros problemas. Ou será que, no afã de ganhar a concorrência, colocam o preço lá embaixo, ganham a concorrência, e depois não conseguem realizar a obra?

Então, fica esta grande preocupação. Não sei se a Prefeitura tem culpa ou se as empresas têm culpa. Mas, eu falei “sistematicamente”, porque o atraso das obras vem acontecendo várias vezes. Recordo o grande atrasou na reforma da Avenida Assis Brasil, atraso imenso que, inclusive, causou fechamento de empresas. Empresas quebraram porque não havia acesso às suas loja, os consumidores não podiam chegar às lojas por causa das obras. Agora temos o caso do Terminal Triângulo, da Av. Assis Brasil. A obra já deveria estar pronta há um ano; estava prevista a entrega em março; não vai acontecer. A empresa Brita que era a executora daquela obra quebrou, não cumpriu o contrato, teve o contrato rescindido. Por quê? Por causa de atraso, por causa de modificações no projeto? A rescisão inviabilizou a obra. Essa obra está levando mais de ano além do prazo previsto. Ora, um atraso desses não há empresa que tenha suporte financeiro para agüentar.

Agora, novamente, a mesma coisa está acontecendo com a construtora que substituiu a Brita, a SBS. Ela paralisou a obra em dezembro por causa de atraso nos pagamentos e agora está de novo com alguns atrasos nos pagamentos. Eu sei que a Prefeitura fez um acordo com o Estado. O Estado, ao que me consta, assumiu aquela obra do Terminal, em troca de a Prefeitura assumir algumas obrigações com a Via Rápida - na Zona Norte, onde reside o Ver. José Valdir -, que vai até Alvorada, na Av. Baltazar de Oliveira Garcia. Não se sabe se é problema da Prefeitura, se é problema do Estado. Eu sei que a construtora não está recebendo em dia e já diminuiu o ritmo das obras.

Agora, o que aconteceu com a ESBEL, que paralisou, que teve o contrato rescindido unilateralmente pela Prefeitura? Segundo informações que obtive junto à Empresa, a obra nunca esteve paralisada; estava, sim, em ritmo lento, muito lento, sem dúvida!

O Ver. João Antonio Dib, usou esta tribuna para prestar algumas informações, dizendo que essa obra, assumida pela ESBEL, teve um problema no seu projeto. A ESBEL, que comunicou que o projeto poderia ser melhorado, entrou em contato com a Prefeitura. Chegaram à conclusão que a ESBEL tinha razão, modificaram o contrato, modificaram o projeto. A ESBEL assumiu a obra, e a Prefeitura foi ao BID pedir licença, porque o BID é o financiador da obra. Só que essa licença demorou. Segundo informações do Ver. João Antônio Dib, quando foram concretar o pilar do vão central, encontraram rochas, e, novamente, a Prefeitura mandou paralisar a obra com sessenta, setenta empregados trabalhando. Pararam a obra, ficaram parados, porque a Prefeitura tinha que consultar o BID sobre o que fazer: se fazia o pilar sobre a rocha ou se retirava a rocha. Diz o Ver. João Antonio Dib que aquele é um problema técnico que um engenheiro de qualidade sabe resolver. Então, não precisava consultar o BID para um problema técnico que os nossos engenheiros têm capacidade de sobra para resolver muito bem.

Eu falei em atrasos sistemáticos. A própria obra do Paço Municipal, do prédio da Prefeitura, já está em atraso. A obra do prédio da Prefeitura em atraso, a obra que o Prefeito está controlando de perto! As obras do Pronto Socorro... E obra de pronto socorro tem de ser feita de maneira rápida, urgente. Não! Está também devagar, e não se consegue ocupar o prédio que vai trazer benefícios à população. Acho que é um problema de enfoque, porque a Prefeitura não leva em conta o custo-benefício. Ora! se a população deixa de usufruir do benefício da obra durante um ano, atrasa um ano o benefício; este é um custo inimaginável. É difícil de quantificar qual é o custo do atraso de uma obra, porque esta obra vai trazer benefícios à população. Quantas pessoas acidentadas poderiam ser melhor atendidas se o Pronto Socorro tivesse melhores instalações? Sem dúvida, a obra é importante e necessária para a Cidade. Eu vou sugerir ao Presidente da Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e MERCOSUL que solicite o comparecimento dos diretores dessas empresas construtoras para que venham explicar aqui para a nossa Comissão esse relacionamento que tantos prejuízos tem dado a nossa Cidade. Depois, vamos convidar também os órgãos do Executivo para que venham aqui explicar o porquê de as empresas assumirem as obras e não as terminarem; elas quebram, têm prejuízos, atrasos consideráveis que não se resolvem. Nós precisamos resolver esse assunto, porque esse é um problema que afeta a Câmara Municipal, que representa os nossos cidadãos porto-alegrenses. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. SEBASTIÃO MELO (Requerimento): Sr. Presidente, a nossa saudação a sua Presidência, aos colegas. Eu vejo aqui o Diário Oficial do Município, do dia 15, que traz um Edital de Convocação para a posse de novos Vereadores e renúncia de Vereadores. Depois, há um aditamento desse Edital no dia 24 de janeiro de 2003, dizendo que incluía sabatina dos futuros Srs. Diretores do PREVIMPA, Presidente e respectivas Diretorias. Eu queria saber se essa convocação é legal e regimental, porque a nossa Lei estabelece que, nessa matéria, quem tem competência para convocar a Câmara é o Sr. Prefeito Municipal. É o que estabelece o Lei Orgânica e o Regimento, porque se trata de sabatina de diretores de uma autarquia que foi criada, e, portanto, órgão do Executivo. Salvo melhor juízo, pergunto à Mesa se é legal, se é regimental que o Presidente da Câmara tenha convocado com essa finalidade. Eu entendo que a competência para convocar a Câmara era do Sr. Prefeito Municipal para tal matéria, não para matéria da posse dos Vereadores, mas para a matéria da sabatina, na Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e MERCOSUL; somente o Sr. Prefeito poderia convocar a Câmara para tal procedimento, o que não foi feito. Então, gostaria que a Mesa nos respondesse sobre esta matéria. Talvez eu esteja equivocado. Se estiver, desde já peço escusas, mas estou convencido de que somente o Prefeito poderia convocá-la.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Acolhemos o Requerimento de V. Ex.ª, e, no decurso da Sessão, responderemos a sua indagação.

O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, com muita alegria quero registrar a festa de Nossa Senhora dos Navegantes no último fim de semana. Com muita honra, por decisão do Presidente desta Casa, que nesta semana assumiu a Prefeitura de Porto Alegre, Ver. João Antonio Dib, estivemos acompanhando, no domingo, a procissão. Também estavam presentes o Governador Germano Rigotto; o Vice-Governador Antonio Hohlfeldt e sua esposa; o Ministro das Cidades Olívio Dutra e sua esposa; o Deputado Lara; o Deputado Busatto; o Ver. Sebastião Melo; o Ver. Elói Guimarães; Adeli Sell, Secretário da SMIC, e diversas outras autoridades. Deu para sentir, meus caros Vereadores e pessoas que nos assistem pela TV Câmara, que, sem sombra de dúvida, esse é um dos maiores eventos do nosso Estado. Num calor imenso de domingo, milhares de pessoas devotas a nossa Mãe Verdadeira estiveram acompanhando a procissão. Houve a missa campal rezada por Dom Dadeus Grings, Arcebispo Metropolitano, acompanhada por aquela multidão de pessoas, auxiliado pelo Padre Remi, Pároco da Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, e diversos outros padres.

Em meu nome e em nome desta Casa, eu quero parabenizar toda a equipe que se envolveu ao longo do ano na organização do evento. Acabou a procissão e, daqui a alguns dias, vão reiniciar as reuniões e a programação para a próxima festa. Temos de parabenizar o Sr. Aldo Besson, o Provedor, e sua esposa; o Vice-Provedor e sua esposa; os juizes festeiros; o Sr. Juarez, coordenador do evento. Também não poderia deixar de destacar o trabalho da Brigada Militar, pois, com aquela multidão, naquele grande calor, graças a Deus, e com a proteção da nossa Santa e verdadeira Mãe, não houve um incidente sequer. Faço esse registro em nome da Casa.

Deixo o nosso abraço e o nosso reconhecimento em nome desta Casa a toda essa equipe. O sucesso foi total.

O Ver. Isaac Ainhorn chega aqui e também destaca que a procissão fluvial foi um sucesso. Isso demonstra o grande carinho que os devotos têm com a nossa verdadeira Mãe, Nossa Senhora dos Navegantes.

O jornal Zero Hora, hoje, destaca, na página 37: “Estado comemora cem anos de nascimento do Cardeal Dom Vicente Scherer.” Nós tivemos um acompanhamento, um convívio muito fraterno com Dom Vicente Scherer. Quero aqui cumprimentar o jornal Zero Hora por destacar a história do Cardeal Dom Vicente Scherer e o seu grande feito. Às pessoas que nos acompanham nas suas casas e aqui nas galerias deste Plenário, nos anos 80, a Santa Casa de Misericórdia passou por uma extrema dificuldade, e Dom Vicente Scherer, quando assumiu a Provedoria da Santa Casa, dedicou a sua vida, a sua história e o seu grande esforço para salvar a Santa Casa, para que ela não fechasse as suas portas.

Hoje, graças a Dom Vicente, graças à sua luta e ao seu trabalho, a Santa Casa de Misericórdia é um modelo de hospital para o mundo. Vejo que o meu querido colega, Ver. Darci Campani, está ouvindo atentamente o meu discurso, e posso dizer a V. Ex.ª que a Santa Casa é um orgulho não só para o Rio Grande, mas para todo o Brasil, que devem muito a Dom Vicente, que, hoje, comemoraria cem anos. Dom Vicente deve estar em um lugar, talvez, muito melhor que aqui, neste planeta Terra, onde, sabemos, estamos de passagem. Mas o importante é que, no dia em que nós partirmos para outra vida, a nossa história fique presente na memória de muita gente, como ficou a memória do Cardeal Dom Vicente Scherer. Portanto, o nosso reconhecimento, a nossa gratidão, em nome desta Casa, em nome do Rio Grande, em nome do Brasil, ao grande trabalho que foi desenvolvido por D. Vicente Scherer, por vários anos, como Provedor da Santa Casa de Misericórdia.

Para encerrar, Sr. Presidente, quero registrar um fato, com muita tristeza, que foi publicado no jornal Diário Gaúcho, na página seis. (Lê.): “Na segunda-feira, morreu, a 300m do Postão Vila Cruzeiro, um funcionário municipal, depois de ter, por várias vezes, pedido socorro”. Não sei a quem ele pediu ajuda, os seus familiares devem ter procurado ajuda, alguém deve ter atendido esses familiares que pediram socorro no Postão, meu caro Presidente Elói Guimarães, mas eles não tiveram o seu pedido atendido. Inclusive, diz aqui: (Lê.) “A viatura do 2.º Batalhão da 1.ª Cia. da Brigada Militar, o policial foi lá pedindo socorro e não foi atendido.”

Para encerrar, Sr. Presidente, vejam, na matéria, rapidamente: (Lê.) “O coordenador disse que as ambulâncias que estavam no Posto da Cruzeiro não fazem atendimento no caso de urgência.” Então, eu não entendo: para que é que serve a ambulância? Se um cidadão mora a 300m do Postão, meu caro Presidente, têm duas ambulâncias, e a ambulância não está aí para atender a um caso de urgência? Prova está que a pessoa veio a falecer. Lamentavelmente, faço este registro, com muita tristeza. Como será que está a consciência dessas pessoas que não atenderam esses pacientes? Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Zé Valdir está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, pretendia pronunciar-me sobre outro assunto, mas a fala do Ver. João Carlos Nedel obrigou-me a responder. O Ver. João Carlos Nedel insinua, no seu discurso, que a Prefeitura está sendo incompetente para administrar os problemas que, como ele mesmo reconhece, normalmente ocorrem em obras como as do porte da 3.ª Perimetral, comentando sobre os atrasos. Quero colocar duas questões preliminares: a primeira, é que nenhum administrador deseja que obra sob a sua gestão atrase, porque, politicamente, isso é contra o administrador. Desafio, aqui, quem me prove que algum administrador, independente de partido, de facção ideológica, queira atrasar uma obra. A segunda questão é que, em todos os Governos que fizeram obras grandes, essas obras tiveram menores ou maiores atrasos na sua conclusão, exatamente pelas situações levantadas pelo Ver. João Carlos Nedel aqui, situações imprevistas que acontecem numa obra; só que não é o caso da Perimetral. A 3.ª Perimetral tem seu prazo previsto para conclusão, inicialmente, no primeiro semestre de 2004, e tudo indica que vamos cumprir esse prazo, porque a obra já está 75% concluída, faltando apenas o alargamento da Av. Teresópolis, da Rua Dom Pedro e o viaduto sobre a Av. Benjamin Constant.

A outra questão importante a ser colocada é que faltou dizer um detalhe fundamental no pronunciamento do Ver. João Carlos Nedel: que nós temos quatro frentes de trabalho a serem concluídas: o alargamento da Av. Aparício Borges, o alargamento da Av. Carlos Gomes, a Rótula da Av. Protásio Alves com a Av. Carlos Gomes e o Viaduto da Av. Nilo Peçanha. Dessas três frentes, só uma deu problema. E vejam bem, nessas três frentes, as obras são levadas por seis empresas: a empresa PEIT e a CBPO, que trabalham no alargamento da Av. Aparício Borges; a empresa Pelotense e a PROCOM, no alargamento da Av. Carlos Gomes; a Sultepa, na Rótula da Av. Protásio Alves; e a ESBEL, no Viaduto da Av. Nilo Peçanha. A única que deu problema foi a ESBEL. Isso demonstra que, exatamente, a obra está andando bem. E por que deu problema? Porque essa empresa não é idônea. Essa empresa chegava ao cúmulo, Ver. Darci Campani, de receber os repasses que a Prefeitura fazia para pagar a Elevadores Atlas, porque os elevadores tinham de ser encomendados, pois eles não existem prontos, e não repassava. E assim que nós descobrimos isso, inclusive porque a própria Atlas oficiou à Prefeitura, a Prefeitura cortou.

E aí tem todo o procedimento da Lei das Licitações, que tem de ser obedecida.

Então, faltou dizer um pequeno detalhe: que em todas essas frentes, seis empresas, ocorreu problema com uma empresa inidônea, que a Prefeitura, em defesa da população de Porto Alegre, em defesa do patrimônio público, do dinheiro público, imediatamente cortou.

E a partir daí seguem as normas previstas na Legislação das Licitações.

Então, a Prefeitura está vigilante, a Administração está vigilante, e, essa obra, a população de Porto Alegre pode ter certeza, ao que tudo indica, nós vamos concluir dentro do prazo, e será uma das grandes obras estruturais na Cidade, só o que sobra para a oposição é criticar eventuais atrasos.

Eu acho interessante falarem que os comerciantes da Av. Assis Brasil faliram por causa da obra. Não, Ver. João Carlos Nedel, os comerciantes da Av. Assis Brasil estão falindo por causa dos shopping centers, apoiados por oposições políticas como V. Ex.ª, aqui nesta Casa, quando aprovam o trabalho aos domingos, que só beneficia os grandes shopping centers e prejudica o comércio de rua, prejudica o comércio da Av. Assis Brasil, o pequeno e médio comércio, prejudica o comércio da Av. Azenha. É por isto que muitos comerciantes estão em processo de falência na Av. Assis Brasil: por causa da abertura do comércio aos domingos, que beneficia os shopping centers, que são apoiados pela maioria desta Casa.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, cumprimento V. Ex.ª por seu discurso. Gostaria, dentro dessa sua visão estratégica sobre a questão da Cidade, que V. Ex.ª dissesse o que, neste momento, pensa sobre o projeto firmado pelos eminentes Vereadores de sua Bancada, Juarez Pinheiro e Estilac Xavier, que estabelece a abertura do comércio aos domingos das 16h às 22h; estabelece esse horário com o objetivo exatamente de permitir uma expansão dos pequenos negócios da manhã até as 16h. Gostaria de ver e saber, neste momento, se os Vereadores da sua Bancada estão defendendo os shopping. Sou grato a V. Ex.ª.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Ver. Isaac Ainhorn, V. Ex.ª sabe da minha posição. V. Ex.ª não pode, agora, vir no microfone tergiversar. A cidade de Porto Alegre sabe da minha posição, sou radicalmente contra o comércio aos domingos por uma questão econômica em defesa dos pequenos comerciantes, por uma questão filosófica. Infelizmente, os religiosos aqui desta Casa - nessa hora o econômico se sobrepõe à religião -, que deveriam defender o sagrado direito da nossa tradição judaico-cristã de a sociedade parar aos domingos, deveriam defender, não defendem. Eu defendo, sou filosoficamente contra a abertura do comércio aos domingos porque eu acho que a sociedade deve parar um dia por semana, só funcionar aquilo que é essencial. V. Ex.ª sabe da minha posição, já foi por demais explicitada. Quanto a esse Projeto, provavelmente esse Projeto seja uma tentativa de fazer uma concessão à posição reacionária, equivocada, conservadora desta Casa, que sempre dá guarida aos shopping, tentar fazer alguma negociação para que os shopping centers não levem tudo. Porque sempre que eles chegam a esta Casa aqui, eles conseguem; não sei porque mistérios eles conseguem ter os seus interesses particulares atendidos, às vezes não levando em conta os interesses da maioria da Cidade de Porto Alegre.

Por último, Sr. Presidente, eu quero falar sobre o slogan - este o tema que eu queria falar - o slogan do Governo Rigotto. Vejam como são as coisas, há um jornal aí que eu já falei, não vou nem citar aqui, eles agora acham muito natural que o Rigotto pegue o slogan da campanha, a marca da campanha e coloque no Governo. Imaginem se fosse o PT a colocar estrela como símbolo. Iam dizer que nós não éramos gaúchos, que nós estávamos traindo as tradições do Rio Grande, que nós não éramos cívicos porque estávamos sobrepondo a marca ideológica sobre a marca do nosso governo, sobre os símbolos do nosso Governo - imaginem se fosse o PT! Por muito menos fizeram um escarcéu, só porque diziam no telefone, no início do Governo do Estado: “Administração Popular”. Pois agora querem colocar a marca, a logomarca, o símbolo gráfico, adulterado, agora, é verdade, mas o símbolo gráfico da campanha - é tudo normal. Aí é tudo normal. Aí o jornal Zero Hora acha normal, o Barrionuevo acha normal, os nossos opositores aqui - que tanto bateram nesta Casa - acham normal. Quer dizer: para o Rigotto pode, para o PT não pode.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, realmente não me surpreende: a posição do Ver. Zé Valdir é coerente. É verdade, o Ver. Zé Valdir, Presidente Elói Guimarães, é um homem coerente em toda a sua história nesta Casa, porque ele não gosta de comércio, não gosta da atividade comercial. Os Anais desta Casa, há muitos anos, sabem e registram que V. Ex.ª sempre conceituou os megaempreendimentos que levam o nome, hoje já incorporados à língua portuguesa, de shopping centers, V. Ex.ª sempre os designou como templos do consumo, V. Ex.ª nunca gostou, e não escondeu a sua má vontade com essa atividade. De outro lado, V. Ex.ª conseguiu aprovar, nesta Casa, lá nos idos de 1990, quando no exercício do seu mandato, uma Lei fechando o comércio, não aos domingos, Ver.ª Clênia Maranhão, mas fechando o comércio aos sábados à tarde. Essa Lei do Vereador só não se tornou realidade porque, à época, foi requerido pedido de renovação de votação feito aqui nesta Casa.

Ver. Zé Valdir, eu gostaria de dar um aparte a V. Ex.ª, que não fosse por cortesia, mas pelo gosto deste Vereador no sentido de debater, da disputa transparente e do seu conhecimento histórico, às vezes, com interpretações errôneas, mas V. Ex.ª agora vai ter que explicar muita coisa, senão vai acabar no PSTU, porque o Partido de V. Ex.ª já começou a instaurar os tribunais disciplinares inquisitoriais para punir a Senadora Heloísa Helena, no plano federal. E hoje eu ouvia o grande Líder de V. Ex.ª na cidade de Porto Alegre e no Rio Grande dizendo que a Senadora Heloísa Helena tinha que cumprir a decisão de Partido e tinha que ter disciplina, o Sr. Raul Anglada Pont; esse já disse que ela tinha que cumprir, que acha que o Governo do Lula está sendo neoliberal, continuidade do Fernando Henrique - quem disse isso hoje foi o ex-Prefeito Raul Pont. Agora, realmente, os tempos mudaram. Como diria o poeta dos Lusíadas, em um dos seus mais belos sonetos quinhentistas, onde dizia “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. E mudou, o PT mudou. Quem é que iria acreditar que os Vereadores Juarez Pinheiro e Estilac Xavier, esse, ao se despedir desta Casa, deixou firmado aqui um Projeto de Lei abrindo o comercio aos domingos. Quero fazer o lobby e vou votar a favor. Também sou coerente.

Historicamente, como homem de esquerda, acho que a esquerda só pode progredir como esquerda crítica, não capitulando aos interesses do imperialismo internacional, como estão fazendo certos governos. Mas há que ser crítico, ser sensível, pragmático na gestão dos negócios públicos. Não capitular diante dos interesses do grande latifúndio e do grande capital internacional. O capital, V. Ex.ª sabe muito bem, ele é apátrida, e nisso concordamos, ele visa ao lucro, e para ter lucro, o processo espoliativo tem que funcionar de alguma maneira. E quando vejo uma das figuras exponenciais, da brilhatura do Ver. João Carlos Nedel, dizer que o Presidente Lula é um estadista, eu indago, como o soneto de Machado de Assis: “Mudei eu ou mudou o Natal?” Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós queremos registrar a presença do Ver. Alcioneu Costa, do PMDB de Barracão, e do Ver. Orandi Ventura Soares, do PMDB, também de Barracão. Sintam-se V. Ex.ªs como se na sua casa estivessem.

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente em exercício, nesta semana de trabalho desta Casa, Ver. Elói Guimarães; colegas Vereadores, colegas Vereadoras, nós não podemos, Ver. Isaac Ainhorn, deixar de falar nos tarifaços que estão acontecendo nesta semana em Porto Alegre.

No dia 6 de dezembro, o Prefeito João Verle concedeu um aumento de 13,63% na tarifa de ônibus de Porto Alegre.

Amanhã, o Conselho Municipal de Trânsito, que, para mim, é o maior “biombo” que há nesta Cidade, porque é um Conselho que só se reúne para decidir sobre aumento de transporte. Aliás, o nosso Prefeito em exercício, Ver. João Antonio Dib, que foi lá numa defesa contundente do CONTU, vai ter a oportunidade, porque passei um fax há pouco para ele, de responder a este Vereador, de 1994 para cá, quantas reuniões, com as suas respectivas atas e listas de presenças, o CONTU fez para deliberar sobre matéria outra que não fosse o aumento da tarifa de ônibus em Porto Alegre.

Pois, o CONTU, amanhã, vai aprovar 20% a mais de aumento na tarifa de ônibus de Porto Alegre, Srs. Vereadores, que, somando-se a 13,63%, de fevereiro de 2002 a fevereiro de 2003, torna-se um tarifaço de 34% ao cidadão usuário de ônibus na cidade de Porto Alegre.

Mas está tudo legal e regimental, é o PT que faz! E aí, Presidente, é preciso, da mesma forma em que há um amadurecimento, hoje, especialmente daqueles que estão no Governo Federal, que até então negavam a reforma da Previdência, e agora são defensores dela, é preciso, Presidente, que a gente enfrente, nesta Casa, uma questão profunda, que são as isenções no pagamento das passagens. Porque hoje, 20%, 18% de quem anda no transporte coletivo estão isentos, e isso pesa muito na tarifa de ônibus, é um peso significativo. Essa é uma questão que tem que ser enfrentada.

Segundo, nós vamos entrar fundo na questão do CONTU, um Conselho que foi institucionalizado em 1994 e que não decide sobre alteração de linhas, que não fiscalizou um balanço sequer de uma empresa de ônibus, que não fez absolutamente nada, a não ser avalizar o aumento da tarifa. O Prefeito Municipal tem que tirar esse “biombo” e dizer para a população: “Eu quero aumentar 20%, eu vou aumentar porque aumentou o combustível, aumentou o óleo diesel e aumentou o pneu; eu tenho que aumentar.” Mas não se pode usar o Conselho Municipal de Transporte como biombo, para dizer: “Foi o Conselho que autorizou.” Grande mentira! Quem está autorizando o aumento da tarifa de ônibus é o Prefeito Municipal, e ele é que tem que ser cobrado.

Eu acho que tem que ter aumento, eu não sou incoerente de achar que não subiu a gasolina, que não subiu o óleo diesel, mas a falta de transparência da Prefeitura é uma coisa abismal! Ora, eu já vi coisa feia, Ver. Isaac Ainhorn, mas que governicho do ponto de vista da transparência, mas que governicho do ponto de vista da transparência! Tem um discurso aguçado de transparência; aliás, faz prestações das contas públicas com cantores internacionais, mas, quando se trata de matérias como aumento de transporte, tarifaço do DMAE, faz exatamente como Fernando Henrique Cardoso sempre fez: decreto neles!

Então, a questão do aumento do transporte coletivo, mais uma vez... E a grande pergunta que fica é a seguinte, Sr. Presidente: quem foi que teve, nesta Cidade, 34% de aumento de fevereiro de 2002 a fevereiro de 2003? Quem foi que teve esse aumento, Ver. Isaac Ainhorn? Foram 13,63% no dia 6 de dezembro, serão 20% amanhã. Essa é a Prefeitura do lado do povo! Mas não fica por aí: O DMAE vai aplicar mais uma tarifaço de 15%, 16%, 17% sobre as tarifas do DMAE. Se não bastasse isso, o cidadão recebeu o carnê do IPTU com 25,31% de aumento, Ver. Isaac Ainhorn, 25,31%! E a taxa de lixo em Porto Alegre, em muitos imóveis, Ver. Isaac Ainhorn, em centenas e milhares de imóveis, é mais alta do que o IPTU do imóvel. Aliás, quero dizer que um dos maiores desafios que vamos ter neste ano é a discussão do Código de Limpeza Urbana. Querem transferir a coleta do lixo hospitalar para a iniciativa privada, há Emenda nesta Casa. Têm do Executivo multa de 160 mil reais em alguns casos, e não ficam nem vermelhos! Esse é um Governo conservador, fiscalista, aliado do FMI, que aumenta a taxa de juros, que mantém a tabela do Imposto de Renda, esse é o Governo do PT!

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu acho, Ver. Sebastião Melo, que nós temos uma grande responsabilidade, e apelo aqui ao Ver. Elói Guimarães, nós temos que, como Vereadores de oposição, fazer uma frente contra os tarifaços do Município. Nós estamos sendo cobrados como se tivéssemos responsabilidade pelo abusivo, perverso e cruel aumento do IPTU da cidade de Porto Alegre de 25% a 31%. Nós estamos sendo cobrados. E não me apareça o Ver. João Verle, aqui - com todo o respeito e a admiração que tenho pelo Vice-Prefeito que acabou Prefeito -, com uma proposta de reavaliação da Planta de Valores de Imóveis da cidade de Porto Alegre. Qualquer reavaliação de planta de imóveis por esta Casa, se chegar aqui, se constituirá numa verdadeira imoralidade. Esta Casa tem que estar atenta a isso, porque aí os Vereadores podem intervir. Que não passe por aqui aumento de IPTU. Como disse o Ver. Nereu D’Avila, tem-se que mudar o indexador do IPTU, não pode mais ser o IGP-M, esse é cruel, perverso.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Ver. Isaac Ainhorn, eu gostaria mesmo de ouvir dos meus colegas de oposição o que eles pensam desses 34% de aumento na tarifa do transporte coletivo. Eu não ouvi nenhuma manifestação, acho que são contra também. Nós temos que analisar. Mas 34% de tarifaço, mais o IPTU, mais o lixo, mais o DMAE?! Tudo legal e regimental, tudo por decreto.

Eu volto a afirmar aquilo que, muitas vezes, tenho dito na tribuna: o que justifica a caminhada não são os discursos. Que Governo conservador esse da Frente Popular! Que Governo fiscalista esse da Frente Popular! Dezesseis anos na Cidade, dez mil e quinhentas casas de 32m2 apenas. Muito asfalto - porque é um Governo que pensa na próxima eleição e não no futuro da Cidade -, muito asfalto, às vezes não de boa qualidade; mas regularização fundiária, zero. No ano passado o tarifaço do DMAE sobre a água foi de 30%; agora mais 15%; 34% do transporte coletivo; 25,31% do IPTU, e o nosso munícipe está no saturamento, não tem mais condições, a sua capacidade contributiva chegou ao limite, porque, sendo ele da iniciativa privada, sendo do poder público, assalariado, não teve, muitas vezes, sequer a reposição salarial, que foi a da inflação, de 12 e pouco por cento. As tarifas do Município estão duas, e em alguns casos três, vezes maiores do que a taxa de inflação do ano. É impossível suportar esses tarifaços. Penso, Ver. Isaac Ainhorn, que nós poderíamos, sim, de forma coletiva, na oposição, fazer uma grande frente e mostrar não apenas a denúncia pela denúncia, mas afirmar, de forma técnica, que essas posições do governo são equivocadas e que nós estamos aqui para defender o povo. O Governo está fazendo o seu papel fiscalista, e nós temos um outro papel a cumprir, que é o de defender a população. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Registramos a presença do Ver. Olavo Inácio Haas, do PPB, de Salvador das Missões. Vereador, sinta-se aqui como se estivesse em sua casa, em Salvador das Missões.

Solicito ao Ver. Ervino Besson que assuma a Presidência dos trabalhos, para que este Vereador possa usar do seu tempo em Comunicações.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, na segunda-feira, nós tivemos a oportunidade de assumir a presidência da Câmara Municipal de Porto Alegre, em substituição ao Presidente da Casa, Ver. João Antonio Dib, que assumiu, também na segunda-feira, a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, e todos no cumprimento do preceito constitucional que diz que o Vice-Presidente substitui e sucede o Presidente da Casa. Tenho dito, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que quero sempre substituir. Não fizemos uma posse com alarde, tendo presente os balizamentos da interinidade. Sabemos que temos de cumprir, dentro da interinidade, os aspectos éticos que tem a interinidade, embora pudesse o substituto, porque é investido na plenitude do mandato, adotar medidas políticas, mas a questão ética embutida na interinidade determina que procedamos dessa forma.

Tenho contado nos meios de comunicação de um Vereador, grande amigo nosso, na cidade de Livramento, o Ver. Araújo, que, ao assumir a prefeitura daquela cidade, teve como primeiro ato demitir todo o secretariado e nomear o seu secretariado. Também adotou medidas no campo do funcionalismo, pois havia uma reivindicação, e ele, de imediato, encaminhou à Câmara um projeto de reajuste do funcionalismo e uma série de outras medidas. O Prefeito, em Buenos Aires, quando soube das atitudes de seu substituto, interrompeu a sua viagem e retomou imediatamente o cargo. É preciso que entendamos os balizamentos de interinidade. Da forma como procederei aqui, da mesma forma procederá o Ver. João Antonio Dib no exercício da Prefeitura, sem deixar, evidentemente, de dar continuidade a todas as ações que se fazem imprescindíveis para o Município e a Câmara. Não podemos, e esse é o pensamento deste Vereador, avançar, estabelecer políticas e medidas que alterem a programática, o planejamento do titular, porque isso criaria uma desordem na Administração e também na Câmara Municipal de Porto Alegre. Aproveito este momento para dar a minha visão da figura do substituto da interinidade, que embora incorpore o titular na plenitude, possui os aspectos éticos que estabelecem o bom senso, trabalhando-se nos balizamentos da moralidade do ponto de vista administrativo e ético. Tenho dito a muitos dos funcionários que aqui chegam, que, quando chegaram na Casa, eu já estava, senão a grande maioria dos funcionários, Ver. Isaac Ainhorn, V. Ex.ª, que também já tem uma sucessão de mandatos nesta Casa.

Tenho dito, e aqui não fizemos nenhum favor. A Câmara Municipal de Porto Alegre – estão aqui Vereadores do nosso interior – tem uma tradição histórica modelar. A história de Porto Alegre, a história do desenvolvimento da Cidade, Ver. Darci Campani, está visceralmente ligada às ações, à tradição da Câmara Municipal de Porto Alegre.

Se examinarmos, compulsarmos a história da Cidade, dos seus feitos e acontecimentos, vamos ver que a Câmara Municipal sempre esteve a serviço da Cidade, com a sua representação política por intermédio dos seus Vereadores e também com o corpo de funcionários que possui, com competência, qualidade e preparo técnico, sem fazer nenhum favor essas palavras a respeito do preparo de toda a mecânica funcional e humana da Câmara Municipal de Porto Alegre.

A Câmara Municipal tem, nas realizações da Cidade, um papel preponderante, substancial, por quê? Porque a Câmara Municipal, ao longo da sua história, mesmo nos períodos difíceis, um período excepcional que passamos, como o da ditadura, com todas as pressões que aconteceram, jamais se desviou dos seus deveres inerentes à compreensão de sua representação; sempre esteve a serviço da Cidade. O que quero dizer com isso? Ela jamais colocou o partido, a ideologia quando se trata de resolver, dar respaldo ao Prefeito, independentemente de qualquer Prefeito, quando se trata de resolver as questões básicas, importantes e fundamentais da Cidade. Se perguntarem a qualquer prefeito, na história de Porto Alegre, haverão de dizer que a Câmara nunca lhes faltou no desenvolvimento da Cidade. E, por isso, ela, ao longo do tempo, ao longo da história, tem recebido, quando participa dos encontros nacionais, um tratamento especial, porque, efetivamente, aqui nós soubemos compreender o papel que cabe, num Município, ao Legislativo.

Portanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu quero encerrar esta manifestação e dizer que não haverá – nem pode ser diferente – nenhuma solução de continuidade. Evidentemente, cumpriremos à risca o que nós entendemos que possa ser feito nos balizamentos da interinidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Muito obrigado, Ver. Elói Guimarães, que assume, neste momento, a presidência.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu gostaria, com muita satisfação, de saudar a presença dos Vereadores Alcioneu Costa e Orandi Soares, lá de Barracão, no nosso Estado, e também do meu conterrâneo Olavo Inácio Haas, Vereador do meu Partido, PPB, de Salvador das Missões. Sejam muito bem-vindos a esta Câmara. Eu tenho certeza de que todos os Vereadores fazem esta recepção a vocês. Disponham dos nossos gabinetes e tenham um bom aproveitamento no curso que, hoje à tarde, se inicia.

Mas, Sr. Presidente, eu tive um familiar com necessidade de internação hospitalar e vi que dificuldades temos em Porto Alegre para obter um leito para internação para, assim, poder realizar um cirurgia e, muitas vezes, de urgência. Estive conversando com a direção do hospital, e me disseram que o problema sério é o de cotas. Os hospitais, hoje, em Porto Alegre, têm leitos sobrando, que poderiam ser melhor utilizados, mas não podem utilizar, porque as cotas de internação são insuficientes.

Estão brincando com a saúde do povo, com a vida do povo. O maior valor que a pessoa tem é a vida, é a saúde. Mas temos dificuldades, porque também a Prefeitura tem limitação orçamentária. Eu entendo, claro que eu entendo. Mas nós devíamos ter mais cuidado com a saúde.

Parece que vai melhor com a recente criação da Central de Leitos. Tomara que isso aconteça, mas uma cirurgia urgente ainda demora dez dias, quinze dias, e a pessoa sofre risco de morte.

Portanto, apelo ao Executivo para que olhe com mais cuidado para a nossa saúde, para a saúde dos porto-alegrenses.

Mas quero falar um pouco sobre turismo. Eu já saudei aqui a indicação do novo Secretário de Indústria e Comércio e, portanto, de Turismo também, o Ver. Adeli Sell; já saudei a posse e o trabalho do novo Presidente do Convention Bureau, João Luiz Moreira, eu sei que eles vão cuidar mais fortemente do Turismo.

Mas sem ações efetivas não existe turismo. Vejam, eu estive há um ano no Belvedere Rui Ramos, no Morro Santa Tereza. É impressionante, continua abandonado, os banheiros são um lixo, depósitos de fezes, depósitos de não sei o quê! É impressionante, os banheiros de uma cidade turística como é Porto Alegre, no Belvedere Rui Ramos, estão lá, atirados, tenho fotografias no meu gabinete e elas não mentem.

O Santuário Mãe de Deus - eu recomendo aos Srs. Vereadores que nos visitam que conheçam o Santuário Mãe de Deus, padroeira de Porto Alegre, uma obra maravilhosa -, que está lá sem ter acesso asfáltico, são 500 m de acesso já aprovado no Orçamento Participativo para execução em 2001. Nada foi feito até agora, passou 2001, 2002, dois anos, o tal do Orçamento Participativo não é cumprido. É feita toda a tramitação como a Prefeitura quer, mas não é realizado, não acontece. O Santuário da Mãe de Deus está lá sem ter acesso.

O lago Guaíba, se não é o Cisne Branco, não tem nada. Um passeio maravilhoso, quem sobrevoa toda a bacia vê beleza rara, talvez no mundo tenha um ou dois iguais. Está lá, atirado. A nossa navegação interior, Srs. Vereadores, é possível hoje apanhar um navio ir até Estrela, passando pelas barragens do Anel de Dom Marco, pela barragem de Santo Amaro, pela barragem de Bom Retiro, locais turísticos espetaculares, também atirados. O nosso Itapuã, também não tem projeto.

Para encerrar, Srs. Vereadores, o nosso heliporto. Há uma empresa que pediu um espaço para pousar helicóptero para fazer passeios turísticos em Porto Alegre. O processo está mofando em algum gabinete da Prefeitura. Vamos pensar em turismo, sim, mas vamos fazer ações práticas para o desenvolvimento desse importante ramo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, queria saudar os porto-alegrenses que acompanham os trabalhos desta Casa, neste período de recesso, onde damos prosseguimento à Comissão de Representação desta Câmara. Queria resgatar, desta tribuna, neste momento, uma notícia que saiu em todos os jornais locais: é uma notícia de uma realidade que se repete, segundo as pesquisas do DIEESE, há dez meses. O DIEESE, pesquisa há muitos anos, é uma das mais conceituadas entidades de pesquisa, realizando a pesquisa da cesta básica, entre outras coisas, das capitais do Brasil. Quando eu presidia a Comissão do Consumidor desta Casa, tivemos a oportunidade de trazer aqui várias lideranças da área de defesa do consumidor, dos supermercadistas, dos vendedores, para discutir o tema, porque a pesquisa do DIEESE nos prova que Porto Alegre é a Capital com a cesta básica mais cara do Brasil. Foi muito importante esse debate, porque algumas pessoas, colocando-se na defensiva da realidade sistematicamente comprovada pelas pesquisas, tentavam desqualificar o trabalho de pesquisa, dizendo que o Brasil não consome, considerando-se de uma região para outra, os mesmos produtos. É evidente que não! Um País como o Brasil, um País continental, onde os hábitos alimentares diferem de uma região para outra, evidentemente a população tem hábitos alimentares distintos, porém os instrumentos de pesquisa têm pesos específicos para os produtos e a análise do preço desses produtos no cardápio das famílias, de forma que pode muito bem fazer uma pesquisa com dados técnicos capazes de demonstrar essa realidade. Procurar criar artifícios para negar essa realidade não vai melhorar a vida dos consumidores de Porto Alegre; o que nós temos de fazer é procurar, como consumidor, como cidadão, e na nossa condição, como representante da população, compreender por que isso acontece e procurar exigir o cumprimento de políticas públicas para que isso não prossiga. Eu recordo que, nas reuniões que fazíamos, nós discutíamos questões que levam a esta situação, a cartelização das empresas de venda de alimentos, o pouco acesso e a pouca divulgação de uma política pública das feiras sem atravessadores, que pudessem dar aos consumidores acesso a produtos mais baratos, principalmente para a população de baixa renda. Nós vimos também que os problemas de distribuição influenciam no preço.

Por último, um tema que já discutimos muitas vezes nesta Casa, que é a ausência de um PROCON municipal. Porto Alegre continua sendo uma cidade brasileira sem uma política pública, sem um órgão oficial de defesa do consumidor do Município. Para concluir, quero dizer aos Srs. Vereadores que acompanham esta reunião que a constatação de dez meses consecutivos que indicam Porto Alegre como a cidade com a cesta básica mais cara do Brasil – capital de um Estado agrícola e rico, se comparado a outros Estados brasileiros - me levou a solicitar uma audiência com o ex-Vereador desta Casa Adeli Sell, atual Secretário da Indústria e Comércio, para que possamos retomar uma negociação e ver se, finalmente, a Prefeitura de Porto Alegre se sensibiliza e cumpre a sua responsabilidade pública, principalmente neste momento em que o Brasil discute tanto uma política contra a fome e a miséria: se vai, enfim, enviar para esta Casa um projeto de criação de um PROCON municipal, que é também um dos instrumentos importantes na luta contra a fome, porque garante a fiscalização e, conseqüentemente, produtos com preços mais acessíveis. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Elias Vidal está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, os que nos assistem pela TV Câmara, amigos que se encontram aqui nesta manhã e que nos dão a honra de suas presenças, funcionários, amigos, colegas, conhecidos, hoje, de fato, está sendo o meu primeiro pronunciamento após a posse na quinta-feira última, que marcou muito para mim, porque a aguardava, como já falei, com muita ansiedade. Aqueles que nos conhecem sabem que há muitos anos eu venho atuando numa área que tem que ver com as drogas. Na realidade eu comecei a me envolver com essa área em julho, agosto, do ano de 80, quando eu comecei a me envolver nessa área, em São Paulo. Alguns trabalhos, estágio na faculdade, indo para os morros, para as vilas, para aquelas grandes favelas e bolsões de miserabilidade de São Paulo, ali comecei a atuar no ano de 80. Na realidade eu até nem tinha a dimensão, não tinha o conhecimento, a verdadeira dimensão da situação; comecei a me envolver e achei interessante. E isso foi um pouco antes de levar um tiro por um usuário de drogas, fato que já mencionei algumas vezes. Evidentemente que após o tiro que levei - fui assaltado e quase morri, quase perdi a minha vida -, após me recuperar, comecei a me dedicar com mais intensidade a essa área, porque aí senti na pele, senti a dor de uma bala atravessando o corpo, e isso me deu mais força para entender essa problemática. Só que, se os amigos voltarem na memória, no tempo, vão ver que no ano de 80 não se discutia e não se sabia com precisão que iríamos chegar a essa situação a que chegou o Brasil, as maiores cidades do Brasil, as capitais, e que agora está-se alastrando de uma forma tal que até as pequenas cidades estão quase que se igualando às capitais. Como eu vou ter dois anos para discutir esse assunto, eu não vou querer esgotar esse assunto nestes poucos minutos que tenho; apenas quero registrar e salientar que vou chamar esta Casa para esse assunto, vou bater em cima desse assunto, desse tema que comecei no ano de 80, com algumas reportagens que, na década de 80, foram registradas em alguns jornais, já quando eu havia retornado aqui para o Rio Grande do Sul. Eu morei em São Paulo por cinco anos e meio, e, no primeiro ano em que cheguei ao Rio Grande do Sul, já comecei a atuar nessa área, em alguns movimentos, fundando uma escola de prevenção às drogas, ao alcoolismo, enfim.

Na ocasião, o pessoal com quem eu conversava, amigos, conhecidos achavam uma bobagem discutir esse assunto que não era da minha competência. Eu não era um Vereador, não era deputado, não era delegado e não tinha por que me envolver em uma área que tinha alguns riscos, mesmo naquela época.

E a coisa foi se agravando de uma forma tal que chegou ao estágio em que está.

Mas, antes de morar em São Paulo, eu morei três anos no Rio de Janeiro e estudei lá, para os amigos Vereadores e ouvintes entenderem a gravidade de como a coisa vai crescendo, e vai piorar muito mais. Se agora está ruim e a sociedade não discutir esse assunto, se esta Casa, que representa o povo, não trouxer essa discussão e não “marchar de mãos dadas”, independente de bandeira ideológica, independente de sigla partidária, independente de qualquer questão... Esse é um assunto que interessa a todos nós; atinge o teu filho, a tua sobrinha, a tua esposa, você, atinge V. Ex.ª, atinge o Prefeito, o Governador, o deputado, todos. Estamos escutando, assistindo, lendo que autoridades estão sendo seqüestradas. Há poucos dias lemos o que aconteceu com um dos assessores do Deputado Federal Alceu Collares; enfim, a coisa está “espremendo” e vem apertando o cerco cada vez mais. Eu quero fazer essa discussão nesta Casa, que representa a sociedade, a sociedade que paga impostos, a sociedade que nos mantém aqui, a sociedade que vai pagar o meu salário, que paga o seu salário.

Eu tenho um pouco de experiência, não sei tudo, estou há vinte anos envolvido nessa área e sei que, no Brasil, se sabe muito pouco. Nós nos temos reunido em alguns congressos com especialistas, como aconteceu em Brasília, quando esteve aqui há alguns anos Ken C. Winters, psicólogo-clínico graduado pela Universidade de Nova Iorque, um dos maiores especialistas do mundo nessa área. Ele disse que essa geração atual é uma safra perdida, segundo ele. Não estamos tratando aqui de arroz, de feijão, de batata, de alface; estamos falando de vida, de filhos, de jovens! Ele disse: “Se quiserem fazer alguma coisa, vamos fazer para uma safra nova, porque esta, a contemporânea, está perdida.”

A sociedade, que nos mantém, que paga os seus impostos... Só para os amigos terem uma idéia, no jornal do ultimo domingo, uma dona de casa de trinta e seis anos diz o seguinte: “Há um ano, o meu pátio foi invadido de madrugada por traficantes que fugiram de um grupo rival.” Há várias declarações aqui. “Fui obrigada a instalar alarmes e comprar cachorros ferozes.” “Faz uma semana que estou com uma hérnia na virilha e não posso ir ao posto médico, porque vou levar tiro. A gurizada está nervosa e não quero arriscar.”        

Estou-me referindo a Porto Alegre, porque Porto Alegre é o Município no qual sou Vereador, então tenho que trazer o tema para dentro de Porto Alegre, que vai ter um reflexo em nível de Estado, até quem sabe em nível de Brasil. Porto Alegre é o nosso território, é onde a sociedade nos paga para achar soluções, para discutir o assunto. E eles esperam que nós, de alguma forma, possamos achar algumas alternativas para corrigir o problema ou amenizar o problema.

Há regiões de Porto Alegre em que os doentes não podem ir mais ao posto, ao único posto de saúde ao qual têm direito; e têm condições de ir, não vão de medo de morrer. São gestantes, mães que acabaram de ganhar seus filhos – nenezinhos -, paraplégicos, pessoas que precisam de atendimentos e outros tantos, que estão deixando de ter um atendimento, que é um direito. Eles não estão tendo mais acesso porque em algumas regiões instalou-se um pequeno verme, um micróbio que começou a gangrenar todo um corpo, que, como uma septicemia, vai-se alastrando pelo corpo até chegar ao ponto de entrarem em falência todos os órgãos e o paciente morrer. É assim que o Município começa a perder a sua vitalidade e começa a adoecer.

Então, é uma discussão que vou trazer para esta Casa. Se depender de nós, vamos, quem sabe, sugerir uma Comissão Especial para tratar deste assunto e ver o que, juntos, não o Ver. Elias Vidal, mas os trinta e três Vereadores, somando-se, ajudando-se, independente de partidos, podemos fazer para que possamos ter uma sociedade mais tranqüila e melhor. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Darci Campani está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DARCI CAMPANI: Caro Presidente da nossa Câmara, Ver. Elói Guimarães, gostaria de dar seqüência à fala do Ver. Elias Vidal. Não cheguei a fazer um aparte, porque ele estava num encadeamento de pensamento e, às vezes, o aparte atrapalha, mas gostaria de associar-me ao Vereador. Nós gostaríamos de ajudar naquilo que pudermos, trabalhar nesta Casa no sentido de toda a ação que V. Ex.ª falou na sua intervenção. Não sei se V. Ex.ª viu, neste sábado, naqueles programas às 7h30min. Acordei-me para ver porque tinha um interesse específico: trata-se da experiência de dois jogadores da nossa Seleção Brasileira - o Bebeto e outro de quem, infelizmente, não lembro o nome. Eles começaram um trabalho envolvendo o esporte em locais de moradia popular no Rio de Janeiro. A minha experiência de vida me diz que o esporte é algo que realmente traz... E não qualquer esporte, o esporte tem que ter um pouquinho de clareza de se ver que tem algumas diferenças entre alguns esportes, alguns mais incentivam a violência do que qualquer outra coisa, então nós temos que ter o esporte, mas com uma boa orientação. Eles falavam da experiência que tiveram nesses locais de moradia popular. Um jogador inclusive tinha se criado na vila; quando foi de volta lá como jogador da Seleção Brasileira, com certo recurso financeiro, com apoio de empresários para fazer o trabalho com as crianças, teve uma conversa com o chefe do tráfico e disse que ele estaria na vila para fazer um trabalho contra o chefe do tráfico, para tirar as crianças que normalmente são usadas pelo tráfico dentro da vila. O chefe do tráfico disse: “Que bom, porque se eu pudesse voltar lá atrás eu não estaria nessa condição hoje.” O tráfico é uma condição humana, resultante de uma sociedade onde se ganha muito mais dinheiro traficando do que trabalhando. “Então, bom, eu vou traficar.” É uma condição da sociedade, não é uma escolha do indivíduo. Mesmo no caso narrado por esse jogador da nossa Seleção, o traficante, chefe do tráfico, disse que, se pudesse voltar atrás na sua vida, se tivesse tido chance na sua vida, ele estaria em outro caminho.

Nós temos que enfrentar esse debate da questão das drogas sem nenhum viés moralista, porque as drogas em si fazem parte até da cultura dos índios, da cultura de vários povos. O fumo é uma droga, a bebida, a cervejinha é uma droga, não podemos cair no excesso de moralismo, porque tu acabas, às vezes, fugindo para o outro lado. Aí dizem: “O cara é ‘careta’!” Aí o cara que está no meio das drogas olha o outro como ‘careta’ e acaba não ouvindo a mensagem, que é moralista. Sem um discurso moralista, a gente pode atacar de frente a questão das drogas, pois, o discurso moralista, em vez de chamar, afasta o que está consumindo. Associo-me ao Ver. Elias Vidal, e, naquilo que a gente puder apoiar e trabalhar juntos, vai-se fazer.

Estou voltando à condição de Vereador e, na condição de Vereador da situação, às vezes a nossa intervenção fica muito truncada. Temos encontrado, inclusive, algumas soluções para alguns problemas. Na área de esporte temos um projeto específico, com o qual temos conseguido alguma coisa.

Mas, na condição de Vereador do Governo, temos de responder algumas coisas também. Passaria a uma série de respostas às coisas que ouvi hoje neste Plenário. Infelizmente alguns colegas Vereadores, cujos partidos já exerceram o Governo de Estado – teve um partido que ficou vinte anos no Governo do Estado -, fazem algumas intervenções que não dá para entender. Não é a primeira vez que o BID e o BIRD financiam obras na cidade de Porto Alegre. Antigamente as obras eram também financiadas. Então, pela segunda vez eu ouvi que a Prefeitura parou uma obra porque foi consultar os técnicos do BID. As pessoas têm de ler os contratos. Foram feitas outras obras, com outros governos, não só na Prefeitura, mas no Governo do Estado. O PT ficou quatro anos no Governo do Estado, mas parece que nunca existiu outro governo, que ninguém aqui foi Governo em momento nenhum. Por isso que a gente acha estranho. Eu me lembro de iniciarem a negociação do Pró-Guaíba em 1989, quando era Governador o Pedro Simon, mas já estava afastado e assumira o Guazzelli, e não concluíram ainda o módulo 1. Pelo Pró-Guaíba passaram quantos governos? Pedro Simon e Guazzelli, PMDB; Collares, PDT; Olívio Dutra, PT; e agora o PMDB de novo, e não foi concluído. Tem obras que não foram concluídas ainda, passados tantos anos. Parece que é só a Prefeitura de Porto Alegre que atrasa obras, parece que só a Prefeitura de Porto Alegre negociou contratos com o BID. É contratual que, se for feita alguma alteração no projeto, o BID tenha de ser consultado. As alterações foram feitas pelos técnicos da Prefeitura. Não são eles que vão dizer quais são as alterações, mas têm que chegar ao BID e dizer: “Tem a pedra, tem essa solução, tem essa outra solução; essa sai tanto, a outra sai tanto. Nós achamos que tecnicamente é essa a melhor. Vamos fazer essa?” O BID tem de dar o aval, porque ele é o órgão financiador. É só sair pelo Brasil afora e ver o que tem de obras financiadas pelo BID e que estão “entregues às traças”.

Na área de resíduos sólidos está mais do que claro: vamos à cidade do Rio de Janeiro, onde temos no mínimo três imensos investimentos feitos com unidades de triagem e compostagem de lixo; todas as três unidades estão paradas, porque o BID não acompanhou direito a obra e não viu que a Prefeitura não tinha condições técnicas, depois de feita a obra, de fazer a operação. Tem uma, inclusive, que rachou toda, porque há um problema na base, no solo, que não tinha condições de receber a obra; essa não operou jamais porque rachou. Então, é com essa seriedade que tem de ser tratado o dinheiro público, e não se chegar aqui e dizer que a obra parou porque tinha de consultar o BID. Isso é do contrato: não se pode fazer alterações sem que se tenha o aval do BID.

Isso eu sei, porque o DMLU participou e participa do Pró-Guaíba, teve obras financiadas pelo Pró-Guaíba e acontece exatamente a mesma coisa: vai lá, faz-se a obra e, quando se vê, tem uma pedra onde tinha de estar a fundação. Tem de dar uma paradinha, consulta o BID. Às vezes o BID é um pouquinho demorado, mas a consulta tem de ser feita. Não é opção da Prefeitura, com seus técnicos, optar por fazer ou não. Ela é obrigada a fazer, porque quem financia tem que ser consultado. Isso inclusive foram evoluções que o BID aprendeu a fazer, não era o original dos contratos.

A questão de falência de empresas quando ocorrem obras pesadas, isso é uma outra decorrência. Eu me lembro, era pequeno, na cidade de Porto Alegre, resolveram duplicar – parece que já estava duplicada –, resolveram reformar, colocar placas de cimento na Av. Farrapos. Lembro que achei aquilo horrível, porque a obra recém tinha sido acabada e já estavam abrindo tudo de novo e refazendo tudo. E como ficou o comércio naquela época? Também teve problemas. É natural isso em obras pesadas, difíceis, longas. Eu me lembro disso: quando se passava na Av. Farrapos, a obra acabara de ser feita e estava sendo tudo aberto de novo, porque houve problema nas placas de concreto, que não se comportaram como deveriam. Abriram tudo de novo e refizeram. Quem é mais velho aqui na Cidade deve se lembrar disso. São coisas naturais, não aceitáveis. Podemos aqui mostrar a indignação, porque realmente o atraso é ruim, como disse o Ver. Zé Valdir. Nenhum Governo atrasa uma obra porque quer, porque seja bom atrasar uma obra. Há alguns governos que já inauguraram obras duas, três, quatro, cinco vezes. Isso é outra coisa - não se trata deste caso -, em que se faz a obra, inaugura, ela atrasa, e se faz de novo. Não precisamos ir longe. Vamos aqui pertinho, em São Leopoldo, onde há um viaduto que começou muitíssimo antes, uns dois ou três anos antes do viaduto da Av. Nilo Peçanha, que não está pronto ainda. Um Ministro estava lá, que acompanhava e que deveria continuar acompanhando a obra há três anos. Eu passo por ali seguido quando vou a São Sebastião do Caí, onde acontecem as reuniões do Comitê Caí. Estou ali naquele trânsito, naquele engarrafamento e vejo que, em três anos, somente um lado foi feito. Quem sabe leve mais três anos para concluir o outro lado. Temos responsáveis filiados a partidos, Deputados de partidos que estavam lá de Ministro acompanhando aquela obra.

Infelizmente, meu tempo já se está esgotando, e uma série de coisas foi colocada aqui. Fica difícil responder todas. Sobre a questão do turismo, a Câmara Municipal tem de fazer uma parceria com o Convention Bureau, porque a Câmara também é promotora de atividades, ela pode, através de congressos da UVERGS e da União Nacional de Vereadores, trazer eventos aqui para a cidade de Porto Alegre, também fazendo uma parceria com o Convention Bureau. Fica fácil fazermos discursos de que a Prefeitura tem de fazer mais eventos para atrair mais o turismo, mas só ficamos na parte do discurso; na parte do fazer mesmo não temos nenhuma obrigação.

Infelizmente o Ver. João Carlos Nedel, que veio aqui fazer um discurso pegando o Estado inteiro, foi até Estrela, eu não sei... Somos Vereadores de Porto Alegre, a Prefeitura pode atuar até os limites de Porto Alegre, mas o Ver. Nedel foi até Estrela e esqueceu-se de dizer que foi o Governo do PT do Estado que reativou o porto que estava lá parado, mas ele não vai até aqui a Usina do Gasômetro, onde temos três barcos trabalhando com turismo fluvial. Ele citou apenas o barco Cisne Branco, mas o Vereador foi até Estrela e não foi até a Usina do Gasômetro onde temos três barcos fazendo turismo fluvial.

O Vereador foi a Itapuã, que não é Porto Alegre e sim Viamão, cujo parque recentemente foi reinaugurado, aberto ao público, depois de longos anos fechado ao público. Foi reinaugarado pelo Governo do PT do Estado, mas não é Porto Alegre; é Viamão.

Para concluir, e aproveitando a presença do nosso colega Ver. Sebastião Melo, não li a proposta da redação final sobre o lixo hospitalar de passar para a iniciativa privada, mas é princípio da nossa lei maior: a coleta, em estabelecimentos privados, de resíduos que não sejam classificados como domiciliares, é da iniciativa privada. O Município pode fazer a coleta, como hoje é feita em Porto Alegre. Não li, não sei quem propôs essa Emenda, mas o DMLU não está abrindo mão de prestar esse serviço, porque entende essencial, mas é contra que seja repassada para o Município a obrigação.

Como está a lei hoje, está tranqüila, e não é uma lei municipal; é uma lei federal, que determina que a coleta de resíduos de lixo do comércio, indústrias e hospitais é de responsabilidade do gerador.

A questão do valor das multas está compatível com o Código Ambiental. Essa multa que foi citada pelo Vereador é aplicada dentro de um aspecto ambiental e está compatível com a nossa lei maior na área ambiental, que é o Código Ambiental Nacional e o nosso Estadual.

Então, pode ser valor alto, mas não dá para o Estado e a União terem valores diferentes dos do Município. Não tem por que, lá, a multa ser maior e, aqui, a multa ser menor, quando se trata de crime ambiental, quando se trata de agressão ao meio ambiente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Srs. Vereadores, eu respondo o Requerimento formulado pelo Ver. Sebastião Melo, indagando S. Ex.ª da convocação extraordinária da Casa, no dia 23 do corrente, para posse, renúncia, bem como para Audiência Pública da Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do MERCOSUL – CEFOR. É um relatório, respondo a V. Ex.ª. A sede da matéria, Ver. Sebastião Melo, é exatamente o art. 51 da Lei Orgânica, que estabelece as autoridades e a própria instituição que tem a competência para convocar. (Lê.): “Ao Prefeito Municipal cabe a convocação; ao Presidente da Câmara Municipal, à Comissão Representativa e à maioria de seus membros cabe convocar extraordinariamente a Câmara.”

V. Ex.ª, na sua colocação, afirma que é privativo do Sr. Prefeito Municipal convocar. Por outro lado, diz que a Comissão de Finanças e Orçamento não pode, na forma do Regimento, reunir-se em períodos de Sessões Representativas.

Eu até diria que houve uma superposição de atos, a Câmara procedeu – respondendo - de forma correta no Edital de Convocação porque adita – e se V. Ex.ª não tem os documentos, eles estão a sua disposição – a reunião da Comissão de Finanças e Orçamento para Audiência Pública com os integrantes do PREVIMPA. Por outro lado, também, o Sr. Prefeito Municipal, e aí eu acho que há um zelo extremo, porque seria dispensável, também faz a convocação. O que tem que ser observado na Convocação Extraordinária é exatamente a matéria da convocação. Não se pode debater, deliberar sobre matéria que não seja objeto da convocação. Por outro lado, o dispositivo do Regimento, que é o art. 29, onde diz que as Comissões Permanentes não funcionarão durante o Recesso Parlamentar, é subsumido no entendimento de que a Convocação Extraordinária devolve a plenitude à Casa naquilo que o edital de convocação estabelece.

Portanto, respondo à indagação de V. Ex.ª, dizendo que não é competência privativa do Sr. Prefeito Municipal, embora o havendo feito, mas, a meu juízo, seria perfeitamente dispensável, e a convocação do Presidente da Casa está devidamente – no entender desta Presidência – nos cânones próprios e específicos a gerarem os efeitos que, efetivamente, geraram.

Neste sentido, respondo a V. Ex.ª.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, sou grato pela sua manifestação. No entanto, quero apenas sublinhar a questão. Na verdade, eu respondo à colocação de V. Ex.ª da seguinte forma: juridicamente, estaria correto o Prefeito de Porto Alegre convocar a Câmara para que a Câmara votasse uma resolução que é de exclusiva competência da Mesa Diretora para qualquer matéria que diga o Regimento? Claro que não. Então, há um vício nessa convocação, porque, na verdade, essa matéria, para aprovação dos Srs. Diretores, só poderia ser provocada por um ato do Sr. Prefeito. Agora, se houve um acordo de cavalheiros, fico naquela boa relação dos Poderes, ou seja, da sua independência. Portanto, não concordo com a afirmação de V. Ex.ª, de forma muito respeitosa, mas quero dizer que gostaria de ouvir a nossa Comissão de Justiça para balizar, em outras oportunidades, como essa matéria será tratada. Até concordo com V. Ex.ª quando sugere suspender-se o recesso, partindo da premissa de que a Câmara só pode ser convocada na sua inteireza e que, portanto, as Comissões poderiam funcionar. No entanto, quando se trata de matéria pontual, quem poderia convocar a Câmara para deliberar sobre os Diretores é o Sr. Prefeito Municipal, que deveria expedir edital no Diário Oficial competente. Poderia fazê-lo. Mas pode ter acontecido de a Câmara estar convocada, e o Prefeito também desejar convocá-la. O Sr. Presidente pode ter entendido que, como a Câmara já estava convocada, apenas aditaria. Mas há uma questão legal e regimental. A pergunta exige – e acho que não foi respondida – saber se é legal e regimental como foi feito. Gostaria que essa matéria fosse fundamentada; portanto, recorro da sua decisão à Comissão competente.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Diria a V. Ex.ª, que recorre da decisão, que reafirmo a decisão na medida em que o ato foi legal e regimental, está devidamente inserido nos parâmetros da legislação municipal e não estabelece a privacidade do Sr. Prefeito convocar a Câmara para matéria dessa natureza, até porque a oitiva é feita por um dos instrumentos da Casa, que é uma das suas Comissões Permanentes. Não estou a cobrar de V. Ex.ª o fundamento prescrito na Lei Orgânica e no Regimento para sustentar a tese de V. Ex.ª. Não está dito por V. Ex.ª qual é o artigo, dispositivo, tanto da Lei Orgânica quanto do Regimento, que estabelece a exclusividade, a “privaticidade” do Sr. Prefeito para a iniciativa em tela. Não existe. O que existe é exatamente o que dizia V. Ex.ª no início: a sede da matéria está aqui nas atribuições da Câmara Municipal, onde listam, por assim dizer, aquelas autoridades, e a própria Câmara pela Comissão Representativa e pela maioria de seus membros para fazer a convocação. Então, eu insisto com V. Ex.ª, recolho, nem pode ser diferente, mas eu pediria que V. Exª formulasse por escrito o recurso para que atendamos as disposições regimentais, para que se ouça a Comissão de Justiça. Sou grato a V. Ex.ª.

O Ver. Zé Valdir está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, há pouco, o Ver. Sebastião Melo, caroneado pelo Ver. Isaac Ainhorn, acionou a sua metralhadora giratória, como costuma fazer no Plenário, e denunciou o tarifaço, naquele grandiloqüente estilo do Ver. Sebastião Melo. Eu vou responder algumas coisas sem prejuízo de outras que vamos trazer com mais dados, porque gostamos de dar as respostas com seriedade, até para não acontecer como as denúncias do Ver. Sebastião Melo, porque, depois, acaba a montanha parindo um rato morto. Sobre a questão do transporte coletivo, existe o pedido de reajuste das tarifas em torno de 16%. Se for esse o índice, a passagem de Porto Alegre vai ficar mais cara, mas vamos ter seis, sete cidades: São Paulo, Curitiba, São Luiz, Manaus, Porto Velho, Boa Vista com passagens mais altas do que a de Porto Alegre. Porto Alegre, recentemente, teve um reajuste dos trabalhadores, tem hoje o maior salário das capitais brasileiras. O motorista, hoje, está com um salário básico de 1.007 reais, e o cobrador de 605 reais, que é o melhor salário do País. Esse reajuste vem em função dos insumos que aumentaram de novembro para cá: o óleo diesel, por exemplo, 18,93%; os lubrificantes, 65,97%, e o reajuste que ocorreu agora em fevereiro para os trabalhadores, que passaram a ser os mais bem pagos do País. É por isso que o transporte coletivo de Porto Alegre tem qualidade.

O Ver. Isaac Ainhorn, que tomou carona no pronunciamento, como diz o provérbio latino aquele: “Se calasses, permanecerias sábio”, porque, se ele lembrasse do tempo do Collares, lembraria que o transporte coletivo foi o pior que esta Cidade teve, quando pegávamos um ônibus, lá onde eu moro, ele andava duas ou três quadras e quebrava, porque os empresários faziam o que bem queriam, tanto que isso motivou a intervenção no transporte, colocando seriedade, ordem na casa e, de lá para cá, temos o transporte coletivo melhor do País, com os trabalhadores mais bem pagos. Essa é a responsabilidade de um governo sério. Agora, o Ver. Sebastião Melo gosta de atirar no escuro e gosta também de atirar e, depois, perguntar, e, quando a gente tem a prática de atirar no escuro e, depois, perguntar quem é, a gente não só comete injustiças, como comete verdadeiros absurdos de, às vezes, dar um tiro, achando que é um elefante, e é uma formiga. É por isso que o Ver. Sebastião Melo, esse exímio atirador de metralhadora giratória, comete os absurdos de confundir água potável com água própria para o banho, por exemplo, como ele fez, ou de ingressar com um volume imenso de ações no Judiciário, não ganhar nenhuma e fazer um papel cada vez mais ridículo. Por isso, Vereador, eu admiro a sua grandiloqüência, os seus pronunciamentos, a sua capacidade de oratória, mas, em matéria de conteúdo, V. Ex.ª peca muito, deixa a desejar. V. Ex.ª não pesquisa as coisas direito, e neste denuncismo, neste afã de denunciar, V. Ex.ª comete esses atos absurdos, que acabam se tornando ridículos e visíveis, pois não consegue distinguir o que é água potável e água própria para o banho, e sai fazendo denúncia, ingressando com mil ações judiciais e não ganhando nenhuma, um aproveitamento zero, praticamente. Concluo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, colegas Vereadores, e colegas Vereadoras. A fúria da bancada governista justifica-se, porque quem está mantendo, quem sobe os juros lá em Brasília dizia que iria romper com o FMI, como dizia a bancada governista, e agora aplaude o Sr. Bush, quem coloca um banqueiro para governar o Banco Central, e o Presidente Lula continua comendo os galetinhos com o “ABC paulista”, com os sindicalistas, mas é o abc do capitalismo que comanda o Governo dele, desde o Ministro do Desenvolvimento, Banco Central. É uma confusão, e, nesta confusão, a Liderança do Governo, como se diz naquele velho ditado popular: “Na confusão é que há morte; na procissão não tem morte.” Mas o Professor esqueceu da aula de Matemática. O Professor Zé Valdir, com certeza, assistiu a todas as aulas, mas, a aula de matemática, faltou. Porque, no dia 06 de dezembro, a tarifa de ônibus foi aumentada em 13,63%, e eu gostaria que o Vereador viesse a esta tribuna e dissesse que não. E agora a tarifa custa 1 real e 25 centavos; custava 1 real e 10 centavos; subiu 13,63%. E agora vai de 1 real e 25 centavos para 1 real e 51 centavos; isso dá 20% de aumento; ele diz que é 16% e esquece dos 13% que aumentaram. Se dependesse do CONTUR, seria 1 real e 60 centavos, não sei. Mas esqueceu-se da aula de matemática.

Segundo, eu gostaria de convidar o Ver. Zé Valdir, Ver. Elói, para tomar um golinho daquela água de Belém Novo. Não. Se o Prefeito não quiser tomar, o Prefeito poderá dar uma procuração para V. Ex.ª tomar um gole daquela água de Belém Novo, já que V. Ex.ª está dizendo que a praia está balneável. O Secretário, no dia 9... V. Ex.ª tem memória curta? Leia o jornal Zero Hora do dia 9 de dezembro, onde o Secretário do Meio Ambiente disse que não seria possível a balneabilidade em Belém Novo, porque a rede de esgoto não estava ligada, e, mesmo que tivesse ligada, teria que passar um tempo para despoluir a praia. Por que V. Ex.ª não vai tomar banho ao lado do arroio Belém Novo, onde cai toneladas de esgoto in natura dentro do rio Guaíba? Vamos parar com essa demagogia, o rio é de todos, e queremos devolvê-lo à sociedade, mas não é através dessas medidas demagógicas, quando tem o Fórum Social Mundial, para que a última estação de tratamento fosse visitada pelos participantes do Fórum, dizendo que o rio está devolvido ao cidadão; isso não é verdadeiro, isso não é sério. Portanto, volto a dizer, V. Ex.ª não tem é como explicar o tarifaço, 15% para a água, 34% para o transporte coletivo, 25% para o IPTU, e, em alguns casos, até 1000%. Mas é o governo popular e democrático que defende a população, Ver. Reginaldo Pujol. Na verdade, tem é de mudar o slogan deste Governo: “Governo fiscalista e conservador”, que hoje tem cheiro da velha UDN. Aliás, que casamento perfeito do Sarney com o PT, da velha UDN, casamento magnífico, extraordinário - Viva Sarney! Que saudade do Fernando Henrique, que saudade do Malan, porque eram mais progressistas do que este Governo. Que saudade do Sarney que, agora ovacionado pela Bancada petista, faz parte dos banquetes da Administração do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, que governa o Brasil com a catedral do capitalismo, que é a FIESP, e come galeto com os metalúrgicos do ABC. Por isso a fúria da bancada governista, que não tem como explicar tanto aumento; aumentava porque era o Governo Federal, e agora será que é problema da ONU? Eu sei que tem de aumentar, mas quem tem de justificar o tarifaço, assuma, Prefeito, diga: “Eu não tenho alternativa; eu quis construir um transporte...”, onde há quatrocentas e cinqüenta mil pessoas que fazem o corredor nordeste, e há dezesseis anos na Prefeitura, nunca quis discutir o metrô em Porto Alegre, mesmo tendo a sinalização do Governo Federal. Constroem-se alternativas para o transporte público? Sim, especialmente com transporte de massa de qualidade, com subsídio pesado na área de transporte; não se faz metrô sem isso. Mas, não, “prefiro usar o tarifaço”. Tarifaço, tarifaço, tarifaço, este é o Governo que não tem como explicar e parte para essa cantilena acusatória, desqualificada.

Eu não vou rebaixar o debate. Eu vou continuar nessa boa caminhada, sou de uma vertente que construiu com a luta popular, e conheço esses discursos desqualificados que, quando não querem enfrentar o essencial, tentam desqualificar o adversário, mas nós viemos de longe, da velha luta popular e, portanto, queremos esse debate, e quem vai ganhar com isso é a cidadania. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tive a oportunidade de ouvir o debate altamente qualificado entre os Vereadores Zé Valdir e Sebastião Melo a respeito da potabilidade da água, essa discussão a respeito da água que é potável e da água que permite a balneabilidade no nosso lago Guaíba, mas a água que me preocupa e que deve preocupar a todos os Vereadores desta Casa é a água que está faltando aos moradores, especialmente da Zona Leste de Porto Alegre, no Partenon, no Bairro Teresópolis, no Jardim Itu, no Morro Santana, na Vila Canudos, na Vila Embratel e em outros pontos da cidade de Porto Alegre, Ver. Elói Guimarães, onde bastou que a alíquota aumentasse, bastou que sentíssemos alguns dias a temperatura mais elevada, Ver. Sebastião Melo, para desmoronar a afirmação de que Porto Alegre possui 99% da sua população abastecida de água.

É um equívoco! Eu diria que 99% da população de Porto Alegre tem redes de distribuição de água que chegam até a sua residência, mas a grande maioria, especialmente nos extremos da rede, a regularidade no abastecimento deixa muito a desejar. Eu, há cerca de dois anos, venho sustentando que a ausência de investimentos na captação, na ampliação e na qualificação da rede de distribuição de água é altamente preocupante, e que muito cedo nós haveríamos de ver que não era só o Rincão, não eram só aqueles pontos mais extremos da Zona Leste de Porto Alegre, como não era só na Lomba do Pinheiro que as situações se agravavam. Hoje nós temos áreas da chamada cidade consolidada que enfrentam dificuldades de toda ordem nesses dias quentes, recebendo a explicação de que isso decorre do aumento de consumo. Ora, a Cidade tem de estar preparada, precisa estar em condições de atender às reclamações dos seus cidadãos quando necessário. Dizer que tem água disponível em Porto Alegre no mês de junho, no período das chuvas, em que nós temos de estar cuidando dos esgotos e das inundações é um sofisma; isso é um despautério; isso é uma ofensa ao bom senso coletivo, e ao bom senso da comunidade. O que nós precisamos nesses períodos, como agora, no mês de fevereiro, é dar prova de eficiência; ter água abundante no mês de junho, e faltar no mês de janeiro e de fevereiro é um silogismo, por assim dizer, caro Professor Valdir. É absolutamente inaceitável. Eu, que não gosto de ser crítico contumaz, quero mais uma vez alertar o Governo do Município da necessidade de mudança da sua estratégia. O DMAE praticou uma tarifa, um tarifaço no início do ano de 2002 e se prepara para apresentar uma nova tarifa agora. O DMAE pretende, inclusive, oficializar o IGPM como sendo índice de atualização dos preços da água fornecida à cidade de Porto Alegre e oficializa o IGPM exatamente porque o IGPM agora é confortável. O ano passado foi o dobro da chamada inflação oficial do IPCA. O DMAE apresentou, ao final do ano passado, em decorrência desse tarifaço de início de 2002, um resultado, um superávit financeiro superior a 10 milhões de reais. Em convocação extraordinária, a Câmara votou suplementação de verba para que esse dinheiro do DMAE fosse utilizado pela Prefeitura para pagar juros de financiamentos não adequadamente absorvidos. Esses 10 milhões de reais deveriam ter sido utilizados na melhor qualificação da rede de distribuição de água potável nessas áreas críticas de Porto Alegre, para que eu não tivesse a oportunidade de estar fazendo este discurso que estou a pronunciar no momento. Eu gostaria de, neste momento, dizer que o DMAE foi muito bem, parabéns, que o DMAE realmente está cumprindo aquilo que alardeia na sua publicidade oficial, está assegurando o abastecimento de água de 99% da população de Porto Alegre, mas não posso fazer esse discurso; não está ocorrendo isso.

Há necessidade de uma revisão do planejamento estratégico do órgão; há necessidade de se sair do discurso e ir para a prática, que se dê à cidade de Porto Alegre esse índice de qualidade de vida que é tão alardeado e tão proclamado.

Aliás, eu gostaria, Sr. Presidente, neste tempo que me falta, de dizer que nós só viemos à tribuna para criticar o Governo e cumprimentar, como outros colegas já fizeram, o nosso colega Ver. Adeli Sell, que se encontra hoje na Secretaria de Indústria e Comércio e que está mantendo uma atuação muito efetiva. Os primeiros trinta dias da sua presença na SMIC merecem o nosso aplauso, o nosso elogio. Como não somos oposicionistas sistemáticos, estamos aqui fazendo esse registro ao nosso colega que, aqui da tribuna, várias vezes, fazia pronunciamentos um tanto quanto dissonantes da maioria da sua Bancada e que depois era compelido na hora do voto a acompanhar a decisão majoritária dos seus companheiros, e agora está na Secretária de Indústria e Comércio, até por uma circunstância meio ocasional, pois o convidado era outro, mas foi convocado nessa revoada de gaúchos que compõe o Governo Lula; nessas circunstâncias, veio a assumir a SMIC e, para gáudio nosso, vem cumprindo rigorosamente aqueles pronunciamentos que aqui da tribuna fazia acerca de vários assuntos que são levados a sua consideração numa área que é particularmente complicada.

A amplitude da competência da SMIC vai desde o Distrito Industrial da Restinga ao comércio transitório do Centro da Cidade, passa pelo abastecimento, passa pelo cuidado do Mercado Público, pelo licenciamento das atividades industriais, comerciais e de serviços da cidade de Porto Alegre. Com todo esse emaranhado, o Ver. Adeli Sell tem conseguido manter, até o momento, coerência com os discursos que aqui pronunciava como Vereador e merece, por conseguinte, que nós, com a autoridade de homens da oposição, façamos este registro aqui da tribuna, para que não fique dúvida, Ver. Zé Valdir, do estilo de oposição que queremos fazer. Sistematicamente fazemos uma oposição aqui, onde não deixamos de apontar aquilo que entendemos como sendo equívocos, erros estratégicos da Administração. Isso não impede que nós estejamos, como estamos agora, a reconhecer que alguns segmentos da Administração Municipal, corajosamente, estão ajustando o discurso a uma boa prática. Isso merece registro da nossa parte, um registro que fazemos com a autoridade de quem sabe criticar e sabe reconhecer aqueles integrantes da Administração Municipal que estão realizando uma boa tarefa.

Gostaria de poder, em breve, oferecer comentário favorável à Administração do Município como um todo, agora que o Prefeito Verle busca dar uma conotação mais pessoal à sua Administração, assumindo por inteiro o ônus de constituir um secretariado que começou a trabalhar no início do corrente ano. Gostaríamos de poder também vir aqui e cumprimentar o Prefeito Verle, se ele conseguir interromper alguns equívocos, erros e mazelas que vêm se acumulando, e a Administração do Município tem consagrado no tempo. Por isso, concluo dizendo que, para o que é certo, temos de bater palmas; para o que está equivocado, o nosso dever é apresentar o problema e trazer perspectiva de solução. A perspectiva de solução que trago hoje é dizer ao DMAE que mude a sua estratégia, porque não basta ligar a água nas residências dos porto-alegrenses, é preciso garantir um abastecimento regular, contínuo e adequado a todos que são compulsoriamente contribuintes do Departamento Municipal de Águas e Esgotos.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Visivelmente não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Reunião.

 

(Encerra-se a Reunião às 12h07min.)

 

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